quinta-feira, 29 de julho de 2010

Amor.


O amor torna as coisas muito curiosas, coisas simples, dia a dia, coisinhas batidas, mas que com a dose certa (ou errada, nunca se sabe), do mais puro e simples amor, surge a ansiedade, ânsia por tudo junto ao mesmo tempo, ânsia por se fundir ao outro, vontade...
Da vontade de dois, nasce ao desejo de três, do pedaço de um com o pedaço do dois...ahhh...como a espera corrói até o coação mais metálico já conhecido...ânsia, vontade, espera...
Que nosso amor renda frutos, flores e mais amor...não vejo a hora.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Delicadeza.


Quando criança, ela era medrosa, chorava de medo, tremia a cada trovão, nunca havia quebrado o pé, o braço, ou qualquer membro, não adoecia, não sentia dores e ainda assim temia a vida.Os anos se passaram e no auge de sua adolescência, como um pecador a se castigar, tentava buscar a dor, amores despedaçados, vida desregrada, só para poder compensar aqueles anos de laço na cabeça e bunda no sofá, olhando a vida passar pela janela com medo de provar e gostar. Aos poucos, percebeu que não teve culpa disso tudo, que foi assim e pronto, e nesse momento, a delicadeza que existia em seus passos se desfez de uma só vez, e se tornou o que é hoje.
Hoje, ela é um tropeço em pessoa, gestos grandiosos, fala alto, xinga e fala palavrão, ri de si mesma, ri dos outros, faz piada, acorda descabelada e definitvamene não leva jeito para lidar com cristais, louças e afins delicados, ela já tentou ser fina, gestos graciosos, voz pausada e uniforme, andar elegante, ahhh coisinhas cor de rosa, que parecem mais a piada em seu corpo...em vão, se entristeceu vez ou outra por ser assim, meio esquisita, gosta de coisas antigas, canta no chuveiro,canta na estrada, só pra distrair, escreve para se sentir viva, fotografa por amor ao que vê, guarda papeis desnecessários, e lá no fundo tem mania de organização, descobriu que coleciona óculos antigos, e o coração chega a dar camalhotas se for de uma pessoa que já morreu,adora flores por toda casa,incenso, meditação e yoga, ama animais, e vez ou outra tem quase certza que os seus falam com ela, sente as suas vozes dentro de si, e adora, lê, e chora com o final dos livros, sonha e acorda perdida no próprio quarto,se emociona ao ver crianças, mas odeia criança em restaurante, se imagina com os9 meses, barriga empinada e orgulosa, valoriza coisas pequenas, cartas, blhetinhos e olhares de surpresa, gosta dos detalhes, mãos, orelhas, fotos recortadas, pedaços...
E quando ela se deu conta de como seria se descrever, percebeu que a delicadeza sempre a acompanhou, ainda que falando alto e vez ou outa um palavrão, que existia delicadeza em sua risada escandalosa e seu andar de 1,75, a delicadeza sempre se fez presente nos tropeções e principalmente nas manhãs descabeladas...sendo assim, respirou aliviada, se olho de canto de olho, se olhou de fora pra dentro sem receios, e ali, inteira e fluida, se viu, se reconheceu delicada reconheceu delicadeza.

sábado, 17 de julho de 2010

A visitante.


Depois de um longo período de contentamento, alegrias e flores saltando da alma é claro e óbvio que a espreita estava ela, com seu capuz a cobrir um olho e outro cobiçando todas aquelas cores que lhe ofuscavam a única vista que estava a usar, sorriu maliciosa, dentes cerrados e coração envolto na prata enferrujado de seu arame farpado, fechou os punhos e se jogou, caiu em cima daquele irritante jardim florido e ali mesmo fez seu ninho de cobras e lagartos. Depois de alguns dias analisando e bolando seu plano maligno, surgiu a idéia genial... "Só posso matar todas essas flores se eu pulverizá-las com o descaso, mancharei essas cores se eu jogar um pouquinho de desamor e esse contentamento...ahh... coisa de fraco, só vou conseguir derrotá-lo com meu destilar de decepção...
Sem pestanejar, começou seu trabalho sujo, feito cobra, rastejou por entre a vida que exalava naquele lar e em uma só baforada despejou toda água parada e fédida que existia em sua alma, se é que podemos falar de alma. Passado alguns dias a moça das flores sentiu o gosto amargo dessa visita, chorou ao sentir o desprezo de pessoas queridas, doeu ao ver o desamor brotar no coração de muitos que lhe habitava o seu jardim, chorou e se perguntou por quê ?
Por que as pessoas mudam tanto?
Por que algumas pra pior?
Por que a educação e o bom senso não nascem embutidos na cabecinha de todos?
Por quê?
Depois de tanto se desgastar e borrar todas as cores possíveis de sua vida, ela resolveu se deparar com essa visitante áspera... parou, encarou o seu capuz e como quem tira um peso das costas cansadas, retrucou em alto e bom som, respondendo suas próprias perguntas de uma só vez:

Sabe por que as coisas acontecem assim? Porque só assim saberei reconhecer o que é real, o que tem coração, só assim me faço forte, e só assim me faço inteira...

Como num susto, a visitante intrusa afastou seu capuz e mostro um olho de girassol, contrastando com o seu outro negro feito carvão, se apresentou como a verdade, a realidade... que é boa e ruim, dependendo do olho que se vê.
Assim, uma amizade foi selada e um acordo feito, doa a quem doer que a verdade se apresente, pois só assim saberei quem devo cultivar no meu jardim.

sábado, 3 de julho de 2010

Silêncio.


Enquanto comia, percebeu que estava em silêncio, coisa rara pra alguém que pensava tanto,tão rápido, nem de mal humor conseguia tal façanha, o desaguar de pensamento verbalizados nunca cessava.
Assim, pega de surpresa pela ausência de palavras, prestou atenção no rumo que a vida estava a tomar, nas revoluções vida a fora.Na verdade, constatou que estava a viver a segunda, sentiu pena de sua pobre memória, pois a primeira delas, parece ser uma história lida, ou contada por outrem, de um suspiro tentou arrancar o cheiro do que passou, se entristeceu, pois foi em vão.
Hoje na segunda aventura de sua precoce vida, se angustia, quer que tudo esteja no lugar, reza em silêncio para que ao menos aumente 5 horas em seu dia, implora paciência para uma vasta gama de Deuses e Santos, e hoje, no mudo de seus ouvidos, se deu conta de que pouco importa, afinal quando se vive, a história sempre escapará de sua memória, é como se sentar na varanda em um dia laranja e ler um livro, o coração leve feito pluma, o suspiro de alivio. Silêncio.