domingo, 31 de julho de 2011

Manhã de domingo.


E foi assim... Era manhã de domingo, domingo de inverno, onde o sol alaranja o céu e o vento sopra fresco. Sempre fui apaixonada pelo inverno ( ainda que por aqui, este seja tímido) , sempre fui apaixonada pelas manhãs de domingo, nãao poderia ter o cenário mais bonito para dar a luz. Meu melhor amigo se casaria no sábado (09/07), o que havia mexido com meu coração, já que no dia 08 completaria 40 semanas e eu jurava saber o dia exato que havia engravidado, ou seja, grandes chances de na hora do casório eu estivesse parindo... Massss... Cheguei no dia 08 sem expectativas, coração em paz mas com lágrimas nos olhos, sabendo que faltava pouco, não dá pra ficar grávida pra sempre né?! Limpei casa, arrumei mala, chorei e o dia passou. Sábado fomos em fim ao casório do amigo, as 10:30 da manhã estávamos nós , eu, ri e Gael, ainda pro lado de dentro mas roubando a festa, revi amigos, abracei os noivos e fomos pra festa, no alto das 17:30 comecei a sentir cólicas menstruais leves e irregulares, borá pra casa né... Vai que... Fomos pra casa, e eu na dúvida, será que isso e contração?, comecei a anotar os horários e duração das ditas, marido rindo da minha cara, jurando que num era nada, afinal pra ele eu iria sentir muita dor.... Ledo engano.... A noite chegou e as bonitas marcavam de 10 em 10 minutos, acendi meus insensos, minhas velas, meus mantras e me pus a exercitar, o marido.... Deitou e dormiu, eu deixei, pois sabia que o trabalho era longo e solitário, no melhor dos sentidos, me entreguei e me aprofundei em mim, até as 2:00 quando elas já marcavam de 5 em 5, acordei marido , que deu um pulo digno de esportista e correu colocar em prática tudo que havia aprendido, massagem nas costas, esquentando a bolsinha e me fazendo rir, ligamos pra nossa doula, em 1 hora ela estava em casa e minhas contrações de 3 em 3, pra mim cada contração era comemorada de maneira intensa, já que a cada dorzinha podia sentir meu filho mais próximo, agradecia e respirava relaxada, aliás relaxei muito, não senti dor... As 6:00 resolvemos ir pro hospital, pegamos tudo, bola, banquinho de parto e malas e lá fomos nós, num misto de euforia, fantasia e realidade, nessa altura do campeonato, o tempo pareceu voar...Chegamos e o DR já havia deixado todos avisados, aliás no hospital todos nos conhecia, fui a primeira a buscar o parto humanizado ali, subimos para o quarto, ali fiquei no banquinho de parto, Dr. chegou, escutou o coração e fez um toque, ali mesmo de cócoras, estava com 8 de dilatação, depois disso senti 2 contrações e fui pra 10... Sala cirúrgica, fomos todos sorridentes, marido fotografando, doula filmando e as contrações avisando que a hora estava chegando, sentia uma enorme vontade de fazer força, negociamos a posição do do expulsivo.... Me pus de quatro na mesa, não deu muito certo, vi que Dr. amarelou, pedi demais... Fiquei sentada praticamente, o que não me deixou satisfeita, mas naquela altura do campeonato, nada poderia estragar o momento... Dali não via ninguém, só sentia a mão do meu marido,transbordando amor, e a mão da doula com muito cuidado... E de mim... Um grito, um urro primitivo me dando a força, um pedido... Vem filho... Coloquei a Mão e pude sentir seu cabelo, concentração, pude sentir seu corpinho passando, sua cabeça girando, seu corpo saindo...Filho!!! Olhei direto em seus olhinhos vivos e o reconheci na hora, era ele mesmo, Meu filho, nosso filho!...As 8:10 Gael chegou nesse Mundo doido, numa manhã alaranjada de domingo... As 8:10 senti o maior amor do mundo, bem ali em meus braços... As 8:10 nos completamos, formamos enfim uma familia... Ali, a aventura só começou.

Gael chegou sem intervenções, de maneira natural,51 centimetros e 3.140.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

39 semanas e a certeza da vida que aflora.


E assim, depois de 8 luas, 273 dias e horas controversas, chegamos aqui, barriga apontando pro horizonte, umbigo fora de meu alcance, a cada passo, pontinha dos dedos aparecem envergonhados, coração de mãe, que já bate por dois e nem sente o peso de bater, só sabe sentir a presença, a doce certeza de não estar só, conversa jurando escutar as respostas, sente, sente mais do que vê, na verdade nem precisa ver, o elo está ali, a vida está ali, formada dentro de si, uma inteireza estranha, um contentamento, uma misto de euforia, curiosidade e satisfação, por estar assim, serena, calma, confiando que tudo está certo, tudo está perfeito, que tudo está brotando, crescendo, vida!!! são muitas emoções em um só corpo, há muita beleza em gerar, o ritmo dos dias, saber que a qualquer momento ele estará aqui, meu filho, pedaço de mim, parte de nós, é um velho conhecido ainda desconhecido, é a certeza de que o amor é maior, é a certeza de que o conheço a mil anos, mas ainda assim não faço idéia de seu rosto...meu filho...que venha.