quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A doçura.


A vida é doce! Ela sempre a viu dessa maneira, sempre a sentiu dessa maneira, ainda que vez ou outra se sinta uma criança a espera da raspa da panela, ainda que na ânsia de devorar toda essa doçura acabe comendo cru ou se queimando, defeito bobo, quem sabe até uma qualidade, que jura de pés juntos tentar corrigir, pensa, na maior parte das vezes tarde demais, depois da língua arder com a quentura do seu prato predileto.
Hoje, ela se vê rodeada de paciência, de céus que vão se tingindo lentamente de laranja, de estrelas aparecendo na surdina, como um malandro a espreita na esquina, vê o verde nascendo devagar e crescendo, florindo, na verdade, as flores estão a ensinando muito, ensinando que tem regar, tirar as daninhas, olhar, ter calma...a primavera está a ensinar, os ninhos feitos, as crias...e a vida que se renova, que surgi ainda mais doce, aquela criada por ela.

Um comentário:

  1. Um lindo texto, Augusta! Doce como a doçura da vida. Experiente como fosse ditado por uma língua que já foi queimada alguma vez, ou alguns tantos de vezes... Talvez uma língua que já tenha provado mingaus nas diversas panelas da vida... E há um tal de mingau de sentimento que virou epidemia de língua tostadinha ao ponto... E a vida se renova. A delícia maior de ler textos assim é saber que foi alguém bastante adoçado quem escreveu!
    Beijo carinhoso.
    Lello Bandeira

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